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Lady Gaga mistura country, pop e indie-rock em disco que presta homenagem a sua tia








Parece que em 2016 as divas do pop resolveram apresentar novas facetas ao mundo. Depois de Beyoncé e Rihanna, desta vez Lady Gaga mostra aos seus little monsters (apelido de seus fãs) uma versão mais intimista. Em Joanne, seu primeiro trabalho individual em três anos e que tem lançamento marcado para esta sexta-feira (mas vazou na web no início da semana), a cantora abandonou as pistas de dança para apostar numa miscelânea de rock, country, blues e pop e, literalmente, abrir o coração.

Depois da incursão pelo jazz ao lado de Tony Bennett no elogiado Cheek to cheek (lançado em 2014), Lady Gaga volta ao pop como moça de família. Em 11 canções que versam sobre dor, amor e sofrimento, ela descortina uma parte da verdadeira Stephanie Joanne Angelina Germanotta. A começar pela faixa-título do álbum: Joanne é uma homenagem a sua tia, que morreu aos 19 anos de lúpus antes mesmo de a cantora nascer e lhe proporcionou o nome do meio.

Para o novo trabalho, Gaga junta-se a Mark Ronson, o excelente produtor britânico responsável por projetos emblemáticos com músicos como Amy Winehouse (1983 — 2011), Bruno Mars, Paul McCartney e Lily Allen. Com ele e o apoio de um violão, é a vez da voz da Mother Monster brilhar. Esqueça Perfect illusion, o primeiro single divulgado do trabalho. Joanne é muito mais — e melhor — do que isso. Os grandes destaques são Million reasons, uma espécie de balada country (já rolam até uns mash-ups desta faixa com o hit sertanejo 10% da dupla goiana Maiara e Maraísa pela internet), Hey girl, um dueto com a cantora Florence Welch, que aposta no synth-funky e versa sobre mulheres que ajudam umas às outras ("Se você perder o rumo/ saiba que estou aqui por você"), e a própria Joanne, outra balada country que fala sobre uma garota que está indo embora ("Pegue minhas mãos, fique, Joanne/ o céu não está pronto para você").

Para quem gosta mesmo é da Gaga para dançar, tem Dancin' in circles, faixa que poderia ser de Gwen Stefani pela voz sussurante, e mistura batida pop com reggae e ska. E também A-yo, um country de melodia grudenta para bater palmas e cantar junto no refrão.

Em Joanne, além de Mark Ronson e Florence Walsh, a cantora conta com outras parcerias, a exemplo de Kevin Parker, da banda Tame Impala, Bloodpop e Father John Misty. Dessa mistura, nasce um álbum bem produzido e organizado, que não traz nenhuma inovação, mas nos apresenta uma Lady Gaga mais madura.


Lady Gaga é daquelas artistas que não passam despercebidas nem quando saem de casa sem maquiagem. A cantora que estourou com os hits Just dance e Poker face, em 2008, terminará 2016 vivendo grande fase na carreira e não apenas pelo lançamento de Joanne.

Aos 30 anos, ela está prestes a retornar para American horror story (exibida no Brasil pelo canal pago FX). Depois de levar um Globo de Ouro no início deste ano pelo papel de Elizabeth, "a Condessa", na quinta temporada, agora Gaga será uma bruxa no sexto ano da série criada por Ryan Murphy. Desta vez, a trama é ambientada na Colônia de Roanoke, cujos habitantes desapareceram em 1590.

Na música, depois de um look bizarro atrás do outro e de empilhar hits, Gaga se renova de tempos em tempos. Passou do pop ao clássico e agora aventura-se pelo country e rock, comprovando que é mesmo uma camaleoa. Em 2015, encerrou a bem-sucedida turnê do álbum Cheek to cheek, com standards do jazz, em parceria com Tony Bennett. A dupla levou o Grammy de melhor disco pop tradicional daquele ano.

Com Joanne, além de tentar reverter a má recepção da crítica e do público provocada por Artpop, seu álbum anterior carregado no pop dançante — que vendeu pouco mais de 2,5 milhões de cópias, em oposição às 15 milhões alcançadas por Fame, de 2008 —, ela ainda garantiu uma performance no Super Bowl de 2017. Depois de brilhar cantando o hino nacional americano no principal evento esportivo dos Estados Unidos neste ano, no próximo a artista será a grande estrela do show de intervalo da 51ª edição, marcada para 5 de fevereiro.

Ansiedade saudável no início, com cada clipe da era The Fame superando o anterior e culminando em The Fame Monster, um verdadeiro divisor de águas audiovisual no pop norte-americano. Pareceu demais em Born This Way, e entregou mais do mesmo ARTPOP. Lady Gaga foi da absoluta exaltação para uma ânsia por originalidade que não foi compreendida. E que, hoje, nos entrega Joanne, seu quinto álbum de inéditas.

Esse background é importante para entendermos a história que seu novo disco conta. Depois de instituir um novo parâmetro artístico e performático no pop, ela voltou às suas origens cantando jazz ao lado de Tony Bennet, atuando em American Horror Story (o que lhe rendeu um Globo de Ouro) e se apresentando no Oscar - posicionando-se muito mais como artista e cantora do que como diva pop sob o olhar da crítica -. Toda essa jornada a elevou a um ponto da carreira no qual ela pode escolher com liberdade o que fazer. E a escolha foi descansar os vestidos de carne e os saltos altos e assumir sua história.

Joanne é o nome de sua tia, que faleceu cedo, devido ao Lúpus (doença que também acomete Gaga) e deixou um legado artístico de quadros e poesias na família. Lady Gaga foi batizada incorporando seu nome - Stefani Joanne Angelina Germanotta. A ligação entre as duas se estabelece em todos esses pontos, e, de chapéu rosa e botas de cowboy, Gaga transforma sua tia em um alter-ego (ou em um próprio reflexo de sua personalidade que não conhecíamos) e fala menos sobre política e liberdade, e muito mais sobre seus demônios internos e como eles fazem parte de sua jornada.
Abrindo com "Diamond Heart, ela discorre sobre ter 19 anos e fazer o que quiser por diversão. É um retrato de seus primeiros anos de carreira nos bares de Nova York, que causa um estranhamento por ter uma estrutura pop típica de seus singles, mas sem o peso dos sintetizadores. Estabelece de cara o que veremos: Lady Gaga apoiada em baixo, guitarra e bateria, mas ainda pop.

O mesmo acontece em "A-YO", mais radiofônica que a anterior, seguindo algumas tendências de hits como "Shake It Off", de Taylor Swift, mas substituindo os sintetizadores por metais e algum backing vocal. É a faixa para se dançar e cantar ao redor dos amigos.

Quando apresenta "Joanne", a faixa que dá título ao álbum, é consideravelmente chocante. Tanto pela vulnerabilidade dos vocais, que deixaram qualquer tratamento de lado, na maior parte do disco, e especialmente nessa faixa, quanto na simplicidade instrumental apoiada em violão e em percussões sutis. A composição e o tom da música apresentam uma Gaga ainda não vista antes, que agrada aos ouvidos de quem não acompanha sua trajetória pop. É quase o completo oposto, em termos de impacto, de "Million Reasons", outra faixa que busca a proposta do country emocional, mas se apoia em uma repetição que a empurra para uma "fórmula de balada poderosa" que o público já ouviu tantas vezes.

"John Wayne" é um respiro pop que se apoia na batida muito mais do que na letra. Boa música para dançar depois de algumas cervejas sem pensar muito, e bem diferente do que se ouviu até aqui. Assim como "Dancin' in Circles", que traz uma vibe de reggaeton e vocais parecidos com os de seu primeiro disco, The Fame, acompanhando a letra sobre "se divertir sozinho", em todos os sentidos.

As faixas desembocam em "Perfect Illusion", o single que dividiu opiniões. Dentro da estrutura do álbum ele faz bastante sentido, pois trás um pouco da vulnerabilidade nem sempre genuína nos vocais, e caminha entre o pop de sempre e a vibe rock que Gaga explora em muitos momentos. Mesmo não sendo um single explosivo, agrada dentro do contexto.

"Sinner's Prayer" é um manifesto de erros em sua letra, e tem uma melodia que gruda facilmente. Uma faixa tipicamente country, com uma linha de baixo que remete ao pop e evidencia a experimentação de Gaga. Não é uma das faixas mais poderosas do álbum, mas agrada com facilidade.

O mesmo não pode se dizer de "Come to Mama". Gaga volta a flertar com o jazz e tenta trazer ainda assim uma pegada dançante nostálgica, mas que não acompanha o ritmo do álbum e força um vocal quebrado, que não parece preencher a música o suficiente nem em potência nem em emoção.

Uma das faixas mais esperadas, "Hey Girl", a colaboração com Florence Welch, traz o pop de Prince entoado em uma letra feminista, encaixada numa melodia que explora diversas nuances agudas da voz de Gaga, combinando-a bem com a voz característica de Florence. Posso dizer que esperava uma faixa mais explosiva, mas a suavidade parece necessária, colocando as duas em harmonia - dando mais sentido a letra, que busca cessar conflitos entre mulheres -.

A versão comum do disco fecha com "Angel Down". Acertada escolha, a música evidencia em sua letra a confusão das prioridades modernas, com pessoas tão fechadas em si que não percebem nem mesmo "a morte de um anjo". A produção é simples, baseada em atmosferas, harpas, e um distorcido canto gregoriano. Em certo ponto, algumas cordas, violão e uma leve percussão. O destaque é para a interpretação de Gaga, que aqui acerta o tom e usa com sabedoria seus recursos. É um final bastante intenso.

A versão deluxe possui três faixas-bônus: "Grigio Girls", composta em homenagem a uma amiga que sofreu um câncer e que exalta tudo que ela ensinou a Gaga em uma melodia e levada tipicamente indies, que elevam o ânimo e que caberia facilmente na versão standard do disco; um novo flerte com levadas de jazz em "Just Another Day", dessa vez muito mais acertados ainda que não tornem a música um grande destaque; e uma releitura de "Angel Down", chamada de "Work Tape", que dá a entender que foi gravada em take único, acompanhada de piano e violão, revelando a potência e profundidade da música em uma interpretação notável de Gaga.

Joanne está longe de ser um disco ruim. Tem suas falhas, algumas faixas pouco coesas com o caminho proposto, mas conta uma história e apresenta um passo ousado e importante para quem Lady Gaga será a partir de agora.

Ele não apresenta a Gaga que estamos acostumados, e que vale a curiosidade de conhecer. É como se chegássemos em seu camarim, depois de um show eletrizante, sentássemos ao seu lado e a observássemos tirar os figurinos e sentar ao piano para tocar um pouco de suas músicas favoritas na infância.


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